AS DORES DA SECA
Eri Paiva Bate um desespero no meu peito, Choram meus olhos como de menino, Sangra o meu coraçäo de homem feito Sem ter resposta para o meu destino. Ao ver rachar o chão que tanto prezo, E sumir as águas dos rios, dos açudes, Já não sei se choro ou então se rezo A Deus que, piedosamente, nos acude. Crianças choram de fraqueza e fome, Cai desfalecido meu gado, no curral, Toda a passarada da minha vista some, As famílias fogem da sua terra natal... O verde, que era tão lindo, tão bonito, Tornou-se cinza com o sol abrasador! Desolada e nua, ouço da terra o grito, Tão ferida e maltratada quanto meu amor. As árvores, então, secas e desfolhadas , Não dão sombras e frutos, que tristeza! Batem, em retirada, as famílias, desoladas, Sem, do futuro, terem nenhuma certeza. Rumam em direção ao Sul e ao Norte Do gigantesco país que mal conhecem, Os filhos jovens. Aventurando feliz sorte, Deixam, para trás, mães que padecem. Se socorro não chega a morte me abraça, A esvair-me as forças, no meu amado chão. Näo culpo ninguém e mesmo que näo faça Queria ter respostas para o meu coração: Queria entender para onde vai a riqueza De uma terra tão grande como o meu país? Quem está lucrando com sua grandeza? Quem faz o meu sertão assim seco, infeliz? Alguém sozinho ou todos juntos, são? Da miséria de muitos sai o lucro de poucos. Os que fazem dos pobres a sua promoção Não são eles os pobres? Pobres e loucos? Alimentar o poder dos que tem é aumentar, Sua riqueza, ganância, mentira e ambição. Será que são estes loucos, para governar, Os escolhidos do povo, na próxima eleição? Não basta eleger... tem-se que cobrar, De quem o povo, ano após ano, elegeu. As dores da seca, queiram acreditar, Não são da vontade, nem do plano de Deus! Natal/RN - Em 05. 09. 2014 Eri Paiva
Enviado por Eri Paiva em 21/09/2014
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