REFÉM DO SILÊNCIO Eri Paiva Quantas, quem pode contar, As que sufocam sua dor, Que prendem um suspiro de amor, Que escondem o desejo de ter Um momento de prazer, Uma vontade de chorar... Sim, quantas são elas, as mulheres Que por amor se fazem silêncio Para não denunciar o amado Que lhes fere os sentimentos Quando embrutecido, embriagado Explora-lhe o corpo cansado Desordena-lhe os pensamentos... Quantas são as mulheres, aquelas Que espancadas, guardam as mágoas, Suas feridas e todas as sequelas, Ancoradas na esperança de su'alma Ter de volta um mar de calma Nos braços da alma gêmea... Quantas que além de mulheres, São mães que carregam no peito, A dor de um carinho desfeito Do filho que a casa deixou... E as mães que silenciam a fome Que mesmo roendo-lhe o estômago, Não abate jamais o seu âmago Quando à sua frente o filhinho Toma-lhe o pão e o come... Há Mulheres, mulheres outras, E quantas, quantas não são, As que lhes dispensaram a presença A companhia e o coração... E ainda assim seguem amando Em silêncio, seus parceiros de então, Sufocando seu choro incontido, Permeado de emoção e lembrança Dos momentos de felicidade Que sua imaginação alcança e guarda Num relicário de saudade... Mulheres! Quem as poderá julgar? Que significa teu silêncio Diante de tanto sofrimento e dor? Anulação, castração de tua verdade e valor?... Medo de quem? E por que Não gritas aos quatro ventos, Tuas insatisfações, os teus descontentamentos? Em nome de quem te fazes refém? Em nome do amor? Não! Julgar-te não vou! Em 08.03.2009 Eri Paiva
Enviado por Eri Paiva em 10/03/2009
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